terça-feira, 8 de maio de 2012

IMPORTANCIA DO CONHECIMENTO NA CONTABILIDADE, A

A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO NA CONTABILIDADE


1. Introdução

A contabilidade é tão antiga quanto a origem do homem. Mesmo em épocas remotas, o homem sempre sentiu necessidade de registrar seus pertences para assim controlar quantitativamente o que havia conquistado com seu suor e esforço, e veri-ficar o acúmulo dos itens guardados e acumulados durante sua existência, a fim de defender suas posses.

Durante os séculos XIII e XVI, na Itália, a contabilidade consolida-se como ciên¬cia, após a publicação, em 1494, de Tractus de Computis et Seripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas), um tratado de Frà Luca Paccioli (Apud IUDÍCIBUS, S. Teoria da contabilidade, 1997) que relata fatos da con¬tabilidade. Nesse período, surge a Escola Italiana de Contabilidade, que dominou o cenário contábil mundial até o início do século XX, quando, devido à expansão das multinacionais dos Estados Unidos, inicia-se o crescimento norte-americano, uma vez que as empresas precisavam manter o controle de suas fábricas e filiais.

No século XX, o domínio dos Estados Unidos era evidente, principalmente após a depressão de 1929, quando a ascensão cultural e econômica americana prevalecia sobre os países da Europa e dos outros continentes. Com o crescimento do mercado de capitais e, consequentemente, da auditoria para controlar melhor as empresas, também surge a preocupação de tornar a contabilidade útil à tomada de decisão (uso gerencial), fatores que foram preponderantes para a evolução da Escola Americana de Contabilidade dentro do cenário contábil atual.

No Brasil, a criação da Escola de Comércio Álvares Penteado determinou a chegada da Escola Européia de Contabilidade. A Escola de Economia e Administração da USP (1946), a instalação das multinacionais anglo-americanas em nosso continente e a necessidade da implantação dos conceitos de auditoria determinaram a introdução da Escola Americana de Contabilidade em nosso país.

Esse domínio fortaleceu-se com a publicação da Circular nº 179/72, do Banco Cen¬tral, e consolidou-se a partir do advento da Lei nº 6.404/76 - Lei das Sociedades por Ações -, que estabeleceu regras claras quanto às características, forma de constituição, composição acionária, estrutura de demonstrações financeiras, obrigações societárias, direitos e obrigações de acionistas e órgãos estatutários e legais. Essa lei deixou claro que a metodologia norte-americana passou a ser a oficial do Brasil e, nesses anos, a contabilidade brasileira modernizou-se para acompanhar a evolução do país.



2. Conceito e finalidade

Contabilidade é a ciência social que estuda e controla o patrimônio das entidades mediante o registro dos dados, com a finalidade de oferecer informações sobre sua composição e suas variações.

Ciências Sociais: estuda os diferentes aspectos da sociedade humana.

Patrimônio: riqueza auferida por uma entidade, seja ela física ou jurídica.

Registro: inscrição ou transcrição de dados documentados para dar autenti-cidade aos fenômenos ocorridos.

Dados: números ou descrição de objetos ou eventos acontecidos que, isolada-mente, não provocam nenhuma reação.

Informações: representam uma comunicação que pode produzir reação ou decisão.

A finalidade da contabilidade é a de registrar, controlar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer entidade.

Ela fornece, em dado momento, informações sobre a situação econômico-finan¬ceira de uma sociedade e/ou entidade. Dentro dessa visão, estudamos duas pessoas de direito que determinam a melhor origem do estudo entre elas:

Pessoa física = indivíduo comum: É a pessoa natural; todo indivíduo (homem ou mulher), desde o nascimento até a morte; a personalidade civil da pessoa que começa no nascimento. Para exercer atividade econômica, a pessoa física pode atuar como autônoma ou como sócia de empresa.



Pessoa jurídica = entidade empresarial. É a entidade abstrata com existência e responsabilidade jurídica, como uma associação, empresa ou companhia, legalmente autorizada. Pode ser de direito público (União, Unidade Federativa, Autarquias) ou de direito privado (empresas, associações).



3. Aplicação da contabilidade

De acordo com a Deliberação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nº 29, a contabilidade é e deve ser um instrumento gerencial de tomada de decisão. Na verdade, ela coleta e registra todos os dados econômicos mensurados monetariamente que são transformados em relatórios.

A contabilidade utiliza métodos quantitativos para mensurar os fatos ou fenômenos que ocorrem em razão da ação do homem. A finalidade de mensurar e registrar provém da necessidade que os proprietários de patrimônios têm de quantificar suas riquezas e acompanhar a variação destas, controlando seu crescimento durante o tempo.

O cenário do estudo contábil demons1ral1ma ciência social quanto à finalidade, pois, por intermédio de suas avaliações do progresso de entidades, propicia melhor conhecimento econômico-financeiro sobre rentabilidade e produtividade, que indi-retamente auxilia os proprietários (acionistas), os gestores (tomadores de decisão) e os investidores a aumentar a riqueza da entidade e, conseqüentemente, a própria riqueza. No entanto, quanto à metodologia de mensuração, englobamos tanto o cam¬po social quanto o quantitativo, dando uma conotação parcialmente social como metodologia em critérios valorativos, fundamentados em valores e apropriações que envolvem grande quantidade de julgamento, subjetividade e incertezas que decorrem do ambiente econômico e social em que estão inseridas as entidades.

Dentro dos cenários contábeis primitivos, a contabilidade desenvolveu-se no cenário social, institucional e econômico caracterizado pelo desenvolvimento embrionário das entidades comerciais e industriais, pela duração limitada dos empreendimentos, apesar de termos algumas empresas com longos anos de existência e por ser o proprietário a figura central da ação empresarial em vez da entidade e da própria gerência, bem como a lenta mudança tecnológica. Portanto, após a Revolução Industrial e a partir do século XX, podemos verificar um desafio maior da ciência contábil pela situação nova a ser enfrentada.

Em um cenário novo, convivemos com grandes desenvolvimentos de entidades de porte, com a influência geográfica e com a variedade e a rapidez nas mudanças tecnológicas. No entanto, ainda nesse ponto, temos os estados primitivos infiltrados nas entidades.

No Brasil, os cenários são, em grande parte, os mesmos existentes nos demais países ocidentais adicionados às inconstantes instabilidades nos preços e ao crescente aumento na extensão de crédito, nas mais variadas formas.

Em uma análise de evolução da contabilidade, nunca podemos perder de vista o cenário econômico, tecnológico, institucional e social dentro do qual nos encontramos. Assim, a identificação do campo de aplicação da contabilidade também pode ser analisada por meio da definição do patrimônio, como o conjunto de bens, direitos e obrigações relacionadas a uma pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, com ou sem fins lucrativos.



4. Principais usuários da contabilidade

Um dos principais objetivos da contabilidade é ser um sistema de informação destinado a prover seus usuários com informações para a tomada de decisões.

Esses usuários são considerados qualquer pessoa física ou jurídica (interno e externo), que tenham interesse em conhecer os dados da empresa.

Usuários internos: são os gerentes, diretores, administradores e colaboradores.

Usuários externos: são os acionistas, instituições financeiras, fornecedores, governo e sindicatos.

Evidentemente, o processo não se restringe apenas ao uso interno da empresa.

Esses dados são exigidos como fonte de informação por outros segmentos da sociedade como:

Investidores: identificam a situação econômica financeira para decidirem qual o melhor investimento disponível no mercado.

Fornecedores: identificam a capacidade de pagamento da empresa com a finalidade de fornecer-lhe créditos.

Bancos: identificam se a empresa está apta a utilizar linhas de crédito e cedem limites de crédito.

Governo: além de utilizar os relatórios para fins de arrecadação de impostos, utiliza-os como fonte de dados para pesquisas de mercado feitas pelo IBGE e outros órgãos de pesquisa.

Sindicato: identificam a produtividade do setor para reivindicarem possíveis benefícios às categorias.

Outros Órgãos: como a Bolsa de Valores, Mercado de Futuros, Comissão de Valores Mobiliários c Conselhos Regionais,



5. As funções da contabilidade

A contabilidade tem como funções principais a coleta, armazenagem e transformação de dados em informações para a tomada de decisões.

Coleta de dados: São os levantamentos dos fenômenos que ocorrem dentro do negócio. A coleta consiste em levantar os documentos necessários que revelem a atividade realizada pela entidade.

Registro dos dados: Registro dos fatos contábeis. Esse registro é feito em ordem cronológica, o que dá à contabilidade característica de verdadeira história do patrimônio. Os registros evidenciam a expressão monetária dos fatos e os selecionam de acordo com a natureza, permitindo que sejam reunidos em grupos homogêneos que distinguem os diversos componentes do patrimônio e suas variações.

Relatórios: Com base nos registros realizados, expomos periodicamente, por meio de demonstrativos, a situação econômica, financeira e patrimonial. Esses demonstrativos podem ser avaliados com a finalidade de apuração dos resultados obtidos pela empresa. Com essa acumulação de dados, convenientemente classificados, procuramos produzir as informações necessárias para o atendimento das diferentes necessidades socioeconômicas



Técnicas utilizadas nos trabalhos

Escrituração contábil: ato de registrar os fatos e fenômenos em ordem cronológica, criando um histórico das atividades econômico-financeiras.

Demonstrações contábeis: são as demonstrações expositivas dos fatos reunidos em demonstrações sintéticas. Quando essas demonstrações têm em vista as exposições dos componentes patrimoniais, recebem o nome de balanço patrimonial. Quando visa demonstrar as variações patrimoniais apontando o resultado econômico de um período administrativo, recebe a denominação de demonstração do resultado do exercício.

Auditoria: consiste no exame de todos os documentos, livros e registros, obedecendo a normas especiais de procedimentos, com o objetivo de verificar se as demonstrações contábeis representam adequadamente a posição econômico-financeira do patrimônio e os resultados do período administrativo, de acordo com os princípios de contabilidade geralmente aceitos.

Análise das demonstrações contábeis: permite decompor, comparar e interpretar as demonstrações contábeis, oferecendo aos interessados na riqueza patrimonial dados analíticos e interpretação sobre os componentes do patrimônio e sobre os resultados da atividade econômica desenvolvida.



6. Os profissionais da área e sua atuação no mercado

Contador: exerce a função de registrar e interpretar os dados e fatos cronologicamente. Pode ser um empregado de entidade pública ou privada, profissional liberal ou mesmo um empresário proprietário de escritório de contabilidade.

Auditor: verifica a exatidão dos registros e processos contábeis, podendo ser empregado da entidade (auditor interno) ou ser independente (não é empregado e pode ser um profissional liberal ou um empresário contábil).

Analista financeiro/contábil: realiza a análise dos relatórios contábeis e elabora os relatórios gerenciais.

Consultor: atua na área financeira e contábil, orientando as empresas a realizar uma contabilidade e um melhor controle financeiro, tributário e de custos das atividades empresariais.

Perito: auxilia a justiça, mais especificamente o juiz, nas causas que necessitam de análise financeira e econômica de processos.

Professor: exerce o magistério nos cursos técnicos e superiores de ciências contábeis, administração e economia.

Pesquisador: dedica-se exclusivamente à carreira universitária, em que atua com investigações científicas das atividades exercidas dentro da contabilidade e da área financeira.



Cargos administrativos (empregado gerencial): já é muito comum encontrar profissionais da área contábil exercendo os cargos de chefia, gerência e presidência de alguns grupos empresariais.



Cargos na administração pública (funcionário público): o profissional contábil tem inúmeras oportunidades dentro da área pública, principalmente como auditor fiscal, tributário e contador público, além de ocupar cargos administrativos de alto escalão nas controladorias públicas e nas forças armadas.



A Figura 1 demonstra as diferentes áreas de atuação do profissional de contabilidade.



Figura 1
Áreas de atuação do profissional de contabilidade



__________
FONTE (AA.VV. Contabilidade. S.Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008, pp.1-7)

domingo, 6 de maio de 2012

FILOSOFIA DA EDUCACAO

Cada povo tem um processo de educação pelo qual transmite a cultura, seja de maneira informal ou por meio de instituições como a escola. No entanto, nem sempre o homem reflete especificamente e de maneira rigorosa sobre o ato de educar. Muitas vezes a educação é dada de maneira espontânea, a partir do senso comum, repetindo-se costumes transmitidos de geração para geração.

A teoria, contudo, é necessária para que se su­pere o espontaneísmo, permitindo que a ação educacional se torne mais coerente e eficaz. Aliás, é bom lembrar que, segundo o conceito de práxis, a teoria não se separa da prática, que é o seu fundamento. Isso significa que ela não se desliga da realidade, mas nasce do contexto so­cial, econômico e político em que vai atuar. Quanto mais rigorosa for, mais intencional será a prática.

Se a filosofia é uma reflexão radical, rigorosa e de conjunto que se faz a partir dos problemas propostos pelo nosso existir, é inevitável que en­tre esses problemas estejam os que se referem à educação. Portanto, cabe ao filósofo acompanhar reflexiva e criticamente a ação pedagógica, de modo a promover a passagem "de uma educação assistemática (guiada pelo senso comum) para uma educação sistematizada (alçada ao nível da consciência filosófica) (SAVIANI, Educação: do senso comum à consciência filosófica, p.54).

A partir da análise do contexto vivido, o filósofo indaga a respeito do homem que se quer outros, já decadentes, e quais os pressupostos do conhecimento subjacentes aos métodos e procedimentos utilizados. Como se vê, destacamos aí os três aspectos - antropológico axiológico e epistemológico [...].

Cabe à filosofia, entre outras coisas, examinar a concepção de homem que orienta a ação pedagógica, para que não se eduque a partir da noção abstrata de "criança em si", de "homem em si". Da mesma forma, não há como definir objetivos educacionais se não temos claros o valores que orientam nossa ação. O filósofo deve avaliar os currículos, as técnicas e os métodos a fim de julgar se são adequados ou não aos fins propostos sem cair no tecnicismo, risco inevitável sempre que os meios são super-valorizados e se desconhecem as bases teóricas do agir.

Diante do avanço das ciências humanas, alguém talvez argumente que a filosofia da educação terá seu campo bastante restringido. Embora sejam importantíssimas as conquistas da psicologia e da sociologia, e delas muito tem se aproveitado a pedagogia, a filosofia tem ainda tarefas bastante específicas, que não podem ser desprezadas.

Além das análises antropológicas, axiológicas e epistemológicas acima referidas, a filosofia tem a função de interdisciplinaridade, pela qual estabelece a ligação entre as diversas ciências e técnicas que auxiliam a pedagogia. Por exemplo, é a análise filosófica que permite refletir a respeito do risco que representam os "ismos", ou seja, a preponderância de uma determinada ciência na análise dos fenômenos pedagógicos (o psicologismo, o sociologismo, o economicismo etc.) [...].

Tendo sempre presente o questionamento sobre o que é a educação, a filosofia não permite que a pedagogia se torne dogmática nem que a educação se transforme em adestramento ou qualquer outro tipo de pseudo-educação.

Concluindo, é necessário que a formação do pedagogo esteja voltada não só para o preparo técnico-científico, mas também para a politização e a fundamentação filosófica de sua atividade.
_______________
FONTE: (ARANHA, M.L.A. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1996)