domingo, 17 de junho de 2012

COMUNICACAO

Se uma pessoa ficar isolada de seus semelhantes, com alimentação e conforto físicos garantidos, mas privada de qualquer forma de contato com o mundo exterior, tenderá a apresentar rapidamente sintomas de ansiedade.

Uma manifestação básica dessa ansiedade será a necessidade falar com outros. Durante algum tempo, isso poderá ser atenuado por um monólogo, em pensamento ou em voz alta, e mesmo pela criação de interlocutores imaginários. Mas, com o prolongamento da situação, a fala e o próprio pensamento deverão fica desconexos e a pessoa começará a perder o autocontrole.

Se a situação não for remediada a tempo, haverá uma desagregação psicológica, acompanhada de descontrole orgânico. O modo de remediá-la é fácil e evidente: basta romper o isolamento em que a pessoa se encontra. Com isso, ela poderá satisfazer a uma necessidade humana básica: comunicar-se.

Se, no entanto, duas pessoas desconhecidas entre si forem deixadas no mesmo ambiente, com ordens de não trocarem uma palavra e se ignorarem mutuamente, o resultado será diverso. Em breve começarão a aparecer sinais de tensão entre elas e se verificará que é praticamente impossível que uma ignore a presença da outra.

Os menores gestos passarão a ser observados atentamente; cada qual procurará interpretar o comportamento do outro e encontrar-lhe um sentido. Não demorará muito para que cada um comece a orientar suas atitudes em função das do outro: haverá comunicação entre ambos, por mais que se queira evitá-la.

Os gestos e o comportamento dos dois passam a ser mensagens, mesmo involuntárias, e cada qual se converte num emissor e receptor dessas mensagens. De modo geral, nas situações em que há mais de duas pessoas envolvidas (isto é, nos grupos), cada comportamento se orienta em relação ao dos demais.

Nos grupos organizados, em seus membros ocupam posições bem definidas, existem regras que orientam esse comportamento. O que está em jogo é novamente a comunicação, que forma uma rede entre os membros do grupo, tanto mais complexa quanto maior e mais organizado for o grupo. Os menores, a comunicação direta entre as pessoas ainda é a predominante.

Na convivência de grandes massas humanas (na sociedade tomada como um todo) predomina a comunicação indireta, através de veículos que atingem uma multiplicidade de indivíduos, dando-lhes uma orientação cotidiana.

A partir desses exemplos pode-se concluir que a comunicação é uma necessidade vital humana, tão importante quanto as demais; que os homens tendem a comunicar-se mesmo quando se esforçam em sentido contrário; e que a comunicação é a base de todas formas de organização social ().

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FONTE: (Enciclopédia Abril, 1972, v.3, p.1028 Apud INFANTE, U. Curso de gramática aplicada aos textos. S.Paulo: Scipione, s/d))

LINGUA E SOCIEDADE

O caráter social de uma língua já parece ter sido fartamente demonstrado. Entendida como um sistema de signos convencionais que faculta aos membros de uma comunidade a possibilidade de comunicação, acredita-se, hoje, que seu papel seja cada vez mais importante nas relações humanas, razão pela qual seu estudo já envolve modernos processos científicos de pesquisa, interligados às mais novas ciências e técnicas, como, por exemplo, a própria Cibernética.

Entre sociedade e língua, de fato, não há uma relação de mera casualidade. Desde que nascemos, um mundo de signos lingüísticos nos cerca e suas inúmeras possibilidades comunicativas começam a tornar-se reais a partir do momento em que, pela imitação e associação, começamos a formular nossas mensagens. E toda a nossa vida em sociedade supõe um problema de intercâmbio e comunicação que se realiza fundamentalmente pela língua, o meio mais comum de que dispomos para tal.

Sons, gestos, imagens, diversos e imprevistos, cercam a vida do homem moderno, compondo mensagens de toda ordem (Henri Lefebvre diria poeticamente que "niágaras de mensagens caem sobre pessoas mais ou menos interessadas e contagiadas"), transmitidas pelos mais diferentes canais, como a televisão, o cinema, a imprensa, o rádio, o telefone, o telégrafo, os cartazes de propaganda, os desenhos, a música e tantos outros. Em todos, a língua desempenha um papel preponderante, seja em sua forma oral, seja através de seu código substitutivo escrito. E, através dela, o contato com o mundo que nos cerca é permanente¬mente atualizado.

Nas 'grandes civilizações, a língua é o suporte de uma dinâmica social, que compreende, não só as relações diárias entre os membros da comunidade, como também uma atividade intelectual, que vai desde o fluxo informativo dos meios de comunicação de massa, até a vida cultural, científica ou literária.

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FONTE: (PRETI, Dino. Sociolingüística: os níveis da fala. São Paulo, Nacional, 1974. p. 7. Apud INFANTE, U. Curso de gramática aplicada aos textos. S.Paulo: Scipione, s/d))



terça-feira, 12 de junho de 2012

ZENAO E OS PARADOXOS

Zenão e os paradoxos tem por finalidade a exposição de quem foi Zenão, o que são paradoxos e qual a  relevância de seu paradoxo.


1. Uma rápida descrição sobre Zenão.
Zenão de Eléia (séc. V a.C.) Filósofo grego da escola eleática; foi discípulo apaixonado das ideias de Parmênides, tendo elaborado raciocínios bastantes complexos para “provar” que o movimento não existe (CHALITA, 2004, p.40) e notabilizou-se sobretudo por seus paradoxos acerca do tempo, com os quais pretendeu refutar o mobilismo e o pitagorismo, demonstrando a incoerência do pluralismo e da noção de movimento, através do método de redução ao absurdo. Dentre estes, os mais conhecidos são os de Aquiles e a tartaruga, da Flecha e do estádio.

O argumento central desses paradoxos parte da divisibilidade ao infinito do espaço, e da necessidade, portanto, de algum corpo em movimento percorrer um espaço infinito em um tempo finito, o que, por ser impossível, faria com que o corpo permanecesse imóvel (JAPIASSÚ, 1996, p.278).


2. O que é paradoxo.
Do latim, paradoxum; do gr. paradoxon) Pensamento ou argumento que, apesar de aparentemente correto, apresenta uma conclusão ou consequência contraditória, ou em oposição a determinadas verdades aceitas.

Há vários tidos de paradoxos, podendo-se destacar:

a) os paradoxos de auto-referência como o de Epimênides, o Cretense. Afirma Epimênides: “Todos os cretenses são mentirosos”.
De maneira simples, poderíamos entender que, de fato, todos os cretenses são mentirosos. Acontece, porém, que o próprio Epimênides é cretense, logo, ele mesmo não diz a verdade, uma vez que mentir sobre a mentira é dizer a verdade.
No entanto, se entendermos que o expresso por Epimênides for verdadeiro, então a própria afirmação é falsa.

b) os paradoxos de Zenão: visando a refutação, por redução ao absurdo, do pluralismo e do mobilismo, procurando mostrar os paradoxos envolvidos na ideia de movimento, como ocorre no caso de Aquiles e a tartaruga.
Se Aquiles dá, em uma corrida, uma vantagem à tartaruga, então jamais poderá alcançá-la, por mais veloz que ele seja. Pois quando Aquiles atinge o ponto em que a tartaruga estava, esta já estará mais adiante, e assim sucessivamente.
Se o espaço é infinitamente divisível, será impossível percorrer qualquer distância, já que não se pode percorrer uma quantidade infinita de segmentos espaciais em um tempo finito.


3. A dificuldade diante do mundo
Na observação que fazemos do mundo, através de nossos sentidos, é evidente que o argumento de Zenão não corresponde à realidade. Por isso, é chamado de paradoxo, isto é, um raciocínio que parece correto e bem fundamentado, mas cujo resultado entra em contradição com a experiência do mundo real.
Geralmente isso ocorre porque se trata, na verdade, de uma falácia, ou seja, um raciocínio logicamente equivocado que leva a uma conclusão errônea, com aparência de verdadeira. Mas enquanto não se sabe se existe e onde está a falácia, o que temos é um paradoxo (conf. BUNCH, Matemática insólita: paradojas y paralogismos, pp.1-2 Apud COTRIM, 2010, pp.176-177).
Os argumentos usados por Zenão demonstram as dificuldades pelas quais passou o pensamento racional para compreender conceitos como movimento, espaço, tempo e infinito, entre tantos outros. Contudo, os paradoxos, inclusive os de Zenão, foram debatidos durante séculos por filósofos, físicos e matemáticos, e hoje já existe um cálculo que demonstra que Aquiles alcançou a tartaruga (COTRIM, 2010, pp.176-177).


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Fontes: ( CHALITA, G. Vivendo a filosofia. S. Paulo: Atual, 2004; COTRIM, G. Fundamentos de Filosofia. S. Paulo: Saraiva, 2010; JAPIASSÚ, H. Dicionário básico de filosofia. R. Janeiro: Zahar, 1996)